Olá pessoal,
Se você curte histórias de terror cujos protagonistas são seres amaldiçoados, sedentos de sangue humano e cheios de problemas pessoais, seja bem vindo.
O Conto abaixo foi escrito pelo meu colega Jeremias Alves Pires (escritor), o desenho acima é minha tentativa de ilustrar seu personagem.
Boa leitura
Outros contos deste autor podem ser lidos em seu Blog: Horrorizando.blospot.com
Despertar de um Maldito
Acordo chorando feito uma
criança. A dor esmagando o coração me faz lembrar de como é doloroso ser
humano. Fico espantado por perceber que ainda sou capaz de chorar.
A escuridão da pequena igreja que
me serve de abrigo saúda meu despertar. Tenho Companhia. Um morador de rua. Tão
bêbado que se tudo começasse a pegar fogo ele não perceberia.
- Quer uma dose amigo?
Não existe maldade na alma dele.
Se houvesse, cada um de seus pecados me viria à mente. Pessoas más são livros
abertos pra mim. Ele tem sorte.
- Não, obrigado!
- Seus olhos... O que houve com
eles?
- Nasci assim! Fique o tempo que
precisar, mas não faça bagunça na minha casa!
Dou as costas, fazendo de conta
que não me importo com a expressão de repugnância lançada sobre mim. Assim que
cruzo a porta, deixo a forma humana pra me tornar um ser espectral. Em poucos
segundos uma couraça negra cobre meu corpo, um par de asas de pássaro surgem
nas minhas costas, e por fim surge a máscara prateada. Meu visitante cai
sentado no chão, enquanto ganho o céu noturno. Enquanto muitos não são capazes
de ver qualquer coisa que esteja protegida pelo manto da escuridão, eu vejo
brasas. Almas que vão queimar no inferno depois que deixaram os corpos físicos.
Não demora muito e uma se revela pra mim em
meio a uma pequena multidão.
- Muito obrigado, voltem sempre!
Na porta do modesto salão, ele se
despede das pessoas. Elas o consideram um santo. Sou o único que percebe o
olhar descarado que ele faz pra uma de suas fieis. Uma garota de uns doze anos.
O maldito pensa nas filhas em casa. Deus... Eu ouço o choro das três. Vejo a
ira dele diante disso e a surra aplicada como corretivo. “Controle-se, agora
mesmo! Você não pode atacara o infeliz no meio de tanta gente!”. Foco meu olhar
nele, pra não ver o coração daqueles o seguem. Pessoas desesperadas, que
encontraram nas palavras do maldito conforto. Nenhuma delas nota o estado
precário do salão usado paras reuniões, contrastando com o carro zero
estacionado logo em frente. “Controle-se! Controle-se! Controle-se!”.
- Irmã Rose, minhas filhas
pediram pra avisar que sua sobrinha será bem vinda pra almoçar conosco no
domingo...
Meu ataque é tão rápido quanto
cruel. Olhos mortais podem ver apenas um vulto negro passar e o soprar de uma
forte rajada de vento. Cortei o miserável com minhas garras no rosto. Nunca
mais seu olhar cairá sobre outro inocente. Ele grita. Rosto coberto de sangue.
As pessoas ao redor dele ficam em pânico. Histéricas. As luzes do salão atrás
dele se apagão.
- Você devia acreditar no que
prega...
Todos fogem assim que ele é
sugado para a escuridão.
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